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Latam e Azul vão compartilhar voos para 50 cidades e programas de fidelidade

Originalmente publicado em 16 de junho de 2020 no O Globo

SÃO PAULO —Em meio à crise no setor de aviação, a Azul Linhas Aéreas e a Latam Airlines Brasil anunciaram nesta terça-feira um acordo de codeshare para conectar 50 rotas em suas malhas domésticas no país. O acordo também inclui os programas de fidelidade TudoAzul e Latam Pass, e seus membros poderão acumular pontos no programa que escolherem. A parceria será operacionalizada em agosto.

Antes da pandemia da Covid-19, a Azul e a Latam Airlines Brasil atendiam um total de 137 destinos no Brasil, com 298 rotas e 1.632 partidas diárias.

— Queremos chegar a 200 cidades atendidas rapidamente. A parceria é uma forma de ajudar a recuperar a malha aérea brasileira – disse John Rodgerson, presidente da Azul em teleconferência com jornalistas.

Segundo Rodgerson, com o acordo, cerca de 60 cidades do país hoje sem rotas aéreas podem voltar a ser atendidas.

O presidente da Azul afirmou que capitais também serão atendidas pelo codeshare. Ele disse por exemplo que a empresa não faz voos entre o aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e Porto Alegre, enquanto a Latam tem nove frequências diárias a partir desse aeroporto. Ele também citou que a Azul não faz voos para a capital do Acre, Rio Branco.

— Nossos passageiros poderão, por exemplo, voar até Brasília pela Azul e depois até Rio Branco com a Latam – afirmou Rodgerson.

O advogado Felipe Bonsenso, especializado no setor aeronáutico, avalia que a parceria amplia a oferta de voos, num momento em que as empresas enxugam custos e cancelam rotas.

– O acordo maximiza a eficiência da operação. Em vez de usarem dois aviões, o codeshare permite que cada empresa utilize apenas uma aeronave em cada trecho – diz Bonsenso.

O acordo anunciado incluirá inicialmente 50 rotas domésticas não sobrepostas de/para Brasília (BSB), Belo Horizonte (CNF), Recife (REC), Porto Alegre (POA), Campinas (VCP), Curitiba (CWB) e São Paulo (GRU).

O viajante que embarcar em voos Azul e Latam na mesma viagem utilizará apenas um tíquete para check-in e despacho de bagagem.

O presidente da Azul disse que a empresa já está retomando gradativamente os voos. Deve voltar a voar Congonhas, na próxima semana, assim como Maceió e Chapecó.

Já retomou voos em cidades como Ribeirão Preto e São José do Rio preto, no interior de São Paulo. Rodgerson afirmou que a companhia está testando o mercado.

— Quando a demanda é menor, usamos aviões de oito lugares. Quando há demanda, usamos aeronaves maiores. O mais importante é que estamos prontos para retomar os voos, com máscaras, circulação de ar nas aeronaves – afirmou.

O programa de fidelidade da Azul, TudoAzul, tem 12 milhões de associados, enquanto o Latam Pass tem 37 milhões. O presidente da Azul disse que no futuro o resgate de passagens poderá ser feito em qualquer uma das empresas, mas isso não será possível inicialmente.

Rodgerson descartou a possibilidade da parceria de codeshare se transformar numa fusão entre Azul e Latam. Ele garantiu que o acordo é um forma de otimizar as malhas e chegar a novos destinos. Juntas elas respondem por 60% do mercado brasileiro, enquanto a Gol responde por cerca de 39%.

– A  iniciativa é benéfica para ambas as companhias já que as operações oferecem ampla dose de complementaridade. A Azul aposta no desenvolvimento regional enquanto a Latam tem mais centros de conexão (hubs) e equilíbrio entre rotas nacionais e internacionais – diz Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.

Para ele, num mercado cheio de incógnitas reflexo do impacto da pandemia, o acordo mostra que o setor buscará crescimento, embora a demanda doméstica por voos deverá ficar reprimida por mais alguns meses.

Em maio, na comparação com o mesmo mês do ano passado, a queda do transporte áereo de passageiros no país foi de 92%, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil. Em maio de 2019, mais de 7 milhões passageiros voando no Brasil, frente a pouco mais de 500 mil em maio deste ano.

‘Socorro humilde’

O executivo da Azul disse que a ajuda do governo brasileiro ao setor foi muito ‘humilde’. O socorro do governo às companhias aéreas, anunciado em maio, será de R$ 6 bilhões e se dará através da compra de debêntures conversíveis emitidas pelas companhias, via BNDES.

Na prática, o governo se tornará sócio dessas empresas. Quanto as empresas se recuperarem, os papéis serão vendidos. Mas as conversas entre o banco de fomento e as companhias aéreas ainda não chegaram ao final e devem se estender até julho.

– Só a TAP, companhia de Portugal, que é menor que a Gol, Latam e Azul recebeu uma ajuda de 1,2 bilhão de euros. Então, o socorro do governo brasileiro foi muito humilde. É preciso pensar que trata-se de um empréstimo que será devolvido com juros. Muita gente depende da Azul: bancos, funcionários, a Embraer e o próprio governo. Então todo mundo tem que ajudar – afirmou.

Rodgerson disse que o leasing das aeronaves da empresa não está sendo pago na totalidade, considerando que a empresa está voando com apenas 20% de sua capacidade. Mas isso, segundo ele, já foi negociado com as empresas proprietárias.

Em nota, o presidente da Latam Brasil, Jerome Cadier, afirmou que o acordo é “sinal do compromisso de longo prazo da Latam com o mercado brasileiro”.

“Esse acordo de codeshare oferecerá aos clientes o acesso à maior malha de voos na história do país. Entendemos que a crise do Covid-19 exige respostas inovadoras para ajudar a impulsionar a economia da região e o anúncio de hoje faz parte de nossa contribuição para esse esforço”, afirmou na nota. 

Em maio, a Latam Airlines pediu proteção contra a falência nos Estados Unidos, o equivalente a uma recuperação judicial. A operação da Latam Brasil ficou fora do pedido.

Link para a notícia original: https://oglobo.globo.com/economia/latam-azul-vao-compartilhar-voos-para-50-cidades-programas-de-fidelidade-24482079

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